domingo, 19 de dezembro de 2010

O MUNDO DE SOFIA


Ao começar a leitura do mundo de Sofia foi possível observar um pensamento não definido no tempo e espaço sem começo determinado e que imperava no início dos tempos até antes do aparecimento dos filósofos Pré-Socráticos: o mitológico.
Este pensamento foi a forma primordial das populações, cada qual a seu modo, entender os processos naturais a sua volta. Estava este relacionado ao panteísmo, sendo suas divindades as mantenedoras de um precário equilíbrio entre as forças do bem e do mal. Para que os povos se comunicassem com estas foram criados rituais religiosos, onde ofereciam sacrifícios ou oferendas para aplacar a fúria de determinado deus ou pedisse sua ajuda para determinada tarefa.
Tal pensamento foi o precursor de vários modismo que persistem ainda hoje em nosso inconsciente, bem como a superstição, muito em voga na antiga Grécia, antes do aparecimento dos filósofos.
Tais filósofos procuravam entender os processos naturais que os cercavam, de uma forma genérica e abrangente. Tanto a base primordial de tudo que existe quanto o mundo dos sentidos formam levados em consideração, as vezes em conjunto ou defendidos separadamente por filósofos diferentes, que se opunham em relação ao que é eterno e imutável e o que é efêmero e sempre mutável, como a vida e a ação do tempo na natureza.
Após o desenvolvimento das teorias sobre a natureza do mundo, começaram a aparecer filósofos que se concentraram em descobrir a natureza do homem, sua relação com o mundo e a melhor forma de bem viver com este e consigo próprio, dando origem ao pensamento ético e moral baseado na razão, primórdio para uma feliz e reta vida. Com o aparecimento do primeiro grande filósofo grego, mundialmente reconhecido, Sócrates, há um divisor de águas entre os filósofos até então. Sócrates preocupou-se em descobrir e depois ensinar as pessoas que o verdadeiro conhecimento vem de dentro e só este pode lhe fornecer o discernimento necessário para a vida, sendo este só possível através do emprego da maior faculdade do Homem: sua razão. A razão era a medida de todas as coisas e não a sociedade, comi diziam certos contemporâneos de sua época, conhecidos como sofistas.
Platão foi o responsável pelo registro do pensamento socrático, realizado através de seus diálogos, preservando a retórica na escrita. Suas principais preocupações giravam em torno daquilo que seria eterno e imutável, a origem de todas as coisas que vemos e como podemos defini-las quando as observamos.
Da academia de Platão surgiu o terceiro e último grande filósofo da antiguidade: Aristóteles. De pensamento analítico e formação científica, este macedônio desenvolveu uma teoria contrária a de seu predecessor e mestre. Segundo ele, tudo possuía forma e substância, sendo a primeira relacionada ao espécime masculino e a segunda ao feminino, originando-se deste pensamento sua reprovação em relação a capacidade real da mulher na sociedade e em relação ao mundo das idéias de seu mestre. Segundo ele, tudo possuía forma e substância, sendo a primeira relacionada ao espécime masculino e a segunda ao feminino, originado-se deste pensamento sua reprovação em relação a capacidade real da mulher na sociedade e em relação ao mundo das idéias de seu mestre.
Aristóteles também desenvolveu algo de peculiar em seu raciocínio filosófico em relação a causa primeira das coisas: segundo ele, tudo que acontecia na natureza tinha uma da finalidade, um propósito de ser e acontecer, para que houvesse a manutenção da vida e o equilíbrio no mundo.
Filosoficamente, várias ramificações do pensamento socrático e platônico ocuparam seu devido espaço na procura de uma concepção humana de vida.
Dentre essas correntes destaca-se o Neoplatonismo, desenvolvido nesta época e aclamado por Plotino. Outra corrente importante na época foi o misticismo.
Outro importante filósofo foi Tomás de Aquino, responsável pela conciliação das teorias de Aristóteles com os ensinamentos e cultura bíblicas. Ele consegui criar um elo entre a razão e a fé, postulando a existência de dois tipos de verdade: a verdade teológica, reconhecida e compreendida somente através da fé, e a verdade teológica natural, referente à razão humana e aos desígnios da natureza, sendo estes conhecimentos também referentes a moral humana e não só a revelação dos desígnios de Deus.
Surge então o Renascimento, que foi a realização de uma retomada do humanismo grego, sendo, entretanto uma de suas principais características o individualismo. Isso ocorreu devido à mudança da concepção da natureza da vida humana e apropria visão deste do mudo e de si mesmo. Vem o racionalismo e começa a imperar e se formar um método empírico de observação do mundo natural e vários  cientistas destacaram como Galileu e Copérnico.
A partir desta nova visão de mundo pouco tempo depois surgiram teorias e formas de se viver opostas irreconciliáveis. O século XVII é conhecido como período Barroco, pois as formas não são mais suaves e sim opulentas e agressivas, cheias de contrastes, o que exteriorizava as tensões do consciente mundial da época. O materialismo de Thomas Hobbes, idêntico a filosofia de Demócrito, contrapunha-se ao idealismo, que visava o desenvolvimento anímico e espiritual do ser. O materialismo contribuiu para o desenvolvimento do que é conhecida como visão mecanicista do mundo. Muitos foram os colaboradores deste sistema de pensamento, evidenciado pelas descobertas cientificas de Newton, entre outros.
Em virtude destes acontecimentos nasce René Descartes, responsável pela reunião do pensamento contemporâneo num único e coerente sistema filosófico. Todos buscavam um método concatenado de experimentação cientifica e filosófica. Havia uma ordenação das idéias não existente na filosofia grega, não era somente genérico e sim pragmático e racionalista. Dentre as várias teorias desenvolvidas deve-se destacar além de Descartes, Spinoza, segundo o qual “... Deus não é um manipulador de fantoches...”. Spinoza compreendia que a dualidade das coisas, que segundo ele tudo ou era pensamento ou extensão, provinham de uma única fonte, diferentemente da corrente dualista que se mostrava na época.
Passado a grande revolução da Renascença e o conturbado Barroco, deu-se a necessidade de se organizar todo este conhecimento, surgindo deste ideal a Enciclopédia, onde os maiores pensadores de seu tempo depunham sua experiência e seus preceitos sociais, morais e científicos.
Muitas características marcaram esse novo movimento mundial. A revolta contra as autoridades, devido ao despotismo dos soberanos e a busca da liberdade de livre pensar e fazer, inerente ao pensamento burguês – era o rompimento com o conhecimento herdado. O alto racionalismo provinha de uma fé inabalável na razão humana, como as dos filósofos gregos. Os auto-intitulados iluministas procuravam criar uma base sólida para a moral, a ética e a religião humana, para que estas estivessem em sintonia com a razão imutável do próprio ser.
O otimismo cultural era reinante nesta época, pois todos acreditavam que seria uma questão de tempo para que a irracionalidade não mais desempenha uma força tão vital em relação ao homem, ao mesmo tempo que buscavam uma religião natural – esta religião estaria em contato com a estrutura natural do ser. Com o aparecimento de tais características e intenções, pouco depois esta nata social começou a elaborar os direitos humanos. Vários pensadores podem aqui serem destacados, muitos inclusive conhecidos do grande público como Voltaire, Montesquieu, Rousseau. Etc.
A última grande época de desenvolvimento humano, que veio logo após o Iluminismo, foi o Romantismo, já que depois apareceram novas teorias e concepções de mundo em campos distintos do conhecimento: Marx na economia, Darwin na biologia, Freud na psicologia. Surgiam novas palavras de ordem como sentimento e imaginação, e um anseio pelo que está longe e inatingível. Buscava-se então não mais a razão como veículo do saber e da verdadeira experiência mas sim a arte, sendo muitos artistas considerados como deuses. Esse sentimento aflorado trouxe a noção de unidade aquilo que os iluministas como Kant e Descartes, viam só de forma mecânica.
Dentre os filósofos românticos o de maior destaque foi Hegel. Contribuiu para a concepção de que existem verdades maiores que a razão humana e a filosofia, portanto, não poderia ser desvinculada da época a qual se desenvolveu, tendo então todo pensamento um contexto histórico. Desenvolveu a teoria de tese, antítese e síntese, provando sua teoria do dinamismo da razão humana.
Em contraposição ao conhecimento Hegeliano surgiu na Europa um indivíduo que contrapunha suas teorias com a idealização da sociedade sendo movida através do desenvolvimento econômico da mesma, onde o nível dos bens materiais que influenciariam o ser, acarretando, posteriormente, seu nível de desenvolvimento espiritual. Há uma inversão da balança proposta por Karl Marx.
As condições econômicas, sociais e materiais de uma sociedade seriam a base da mesma, o que Marx chamou de superestrutura. Dentro desta as condições naturais, as forças e as relações de produção eram as responsáveis pelo desempenho evolutivo de determinada sociedade.
No mesmo tempo em que se desenvolvia o pensamento de Marx, crescia na Europa uma corrente cientifica conhecida como Naturalismo, tendo como seu principal representante a figura de Charles Darwin. Darwin propôs a teoria da Evolução das Espécies. Essa evolução dar-se-ia através da seleção natural: entende-se por isso um processo biológico no qual as criaturas mais capacitadas para a vida tendem a ocupar o espaço daquelas que vão se tornado inaptas com o passar das eras. Esta concepção põe em choque a filosofia platônica, segundo a qual existiriam formas imutáveis na natureza, e o próprio conceito bíblico da criação do homem e da vida no planeta.
Cerca de meio século depois surge na Alemanha outro grande pesquisador, Freud, embora seu campo fosse bem outro; a própria estrutura do pensamento humano. Sua teoria psicanalítica veio lançar novas bases ao raciocínio humano e conhecimento deste sobre si mesmo. A psicanálise busca fundamentar as atitudes, anseios e repressões do ser e seu próprio passado, sendo então o homem o depositário de suas próprias respostas na busca da felicidade e do fim do sentimento de culpa.
Freud deu a psique humana três estruturas básicas o ID, ou desejo egoísta e instintivo, o SUPEREGO, ou o grande castrador da sociedade, e o EGO, que faz a ligação entre estes dois aspectos da personalidade humana. Da boa interação destes três teremos as respostas às perguntas que nos assolam individualmente. Também três são as fases de desenvolvimento do ser humano: anal, fálica e oral, estando estas ligadas a forma de aprendizado e relação com o mundo exterior.
Por fim, pode ser destacado como última grande teoria mundial a do Big Bang. Através desta os astrônomos explicam que a atual expansão do universo deveu-se a uma grande explosão ocorrida em seu centro. Desta suposição concluía que: ou o universo continuaria a se expandir indefinidamente ou entraria em um processo de contração, tudo dependendo da quantidade de matéria existente no mesmo, não se tendo noção desta ainda.
Esta teoria estava até a pouco em conflito com duas outras, que também pretendiam explicar a formação de nosso universo. A teoria do Universo Estacionário defendia a hipótese do mesmo sempre ter sido e que sempre seria a forma de hoje, e o Big Bang Expansivo: o universo está em eterno movimento de expansão. Prova-se a falha de ambos através da freqüência conhecida como radiação cósmica de fundo. Essa energia é empregada para medir o distanciamento das galáxias, entre outras coisas, devido a sua linearidade. Percebeu-se que, depois de um grande movimento de expansão, o universo começa a se retrair.
Mas, se correlacionado tais dados com a eterna pergunta “de onde nós viemos?”, pode fazer um paralelo com as teorias mais antigas, do dia e noite de Bhrama do Hinduísmo, ou o faça-se a luz da Bíblia, ou a explosão do centro do universo, no Big Bang? As idéias humanas giram ciclicamente em torno das mesmas perguntas, mas as respostas, com o passar das eras, são cada vez mais sutis, análogas e abrangentes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário